Na tortura toda carne se trai? Se indagava Henri Charriere, o Papillon. Essa é uma frase dura, no entanto podemos tirar o ponto de interrogação da frese, na tortura toda carne se trai mesmo, na dor extrema o cérebro não raciocina como se estivesse em situação normal e pleno estado de consciência. Pode sim trair princípios, juras de amor, ao credo, toda espécie de conceito de fidelidade, isso independe de quem quer que seja.
Ao longo do tempo, alguns célebres traidores aparecem na história, pela bíblia tomamos conhecimentos de Judas Iscariotes, delator do próprio Cristo, na história do Brasil Joaquim Silvério dos Reis, o cara que debandou para o lado do governo e, pois por terra todo plano teorizado por Tiradentes, que mais tarde viera ser esquartejado pelos anti inconfidentes. O que intriga é que sempre existiram pessoas traindo a confiança no mundo, seja pelo simples sádico prazer de entregar e ferrar o próximo, pelo interesse de prerrogativas e gratificações, ou ainda pela tortura psicológica e física. A grande verdade é que o papel do Kagueta será sempre exercido pelos facínoras de plantão, as traições estão penetradas nos meios sociais e também em nossa mente e carne, como se fosse um câncer incurável.
A dúvida que sobrepaira é que, se aferirmos a sinceridade das pessoas através das tentações e das fraquezas, não saberemos se existirá algum justo na face da terra, então como disse Papilon em seus entraves interior “na tortura toda carne se trai", e ponto final, temos que encarar com boa doze de convicção que somos passíveis de traição e tão logo concluiremos que a possibilidade de vivermos sem traidores é inexistente, o ser racional é pérfido por natureza, sob suas fraquezas ele trai a si próprio e aos semelhantes. O homem se torna incapaz do autocontrole quando tentado ou coagido por um lindo rabo de saia ou pelo vil metal, a condição do ser humano é falível, limitada e débil, o homem não suporta ininterruptos golpes lhe fustigando a mente ou a carne. Assim toda a raça humana se torna de alguma forma sem querer denegrir a imagem, corrompida.
Não, não sou pessimista nem desconfiado demais, sou realista extremado, enquanto não formos evoluídos na sinceridade pessoal e objetivos no que queremos, existirão as condições adversas que instigam e levam o homem a ser o traidor de seus princípios e de sua integridade. Tanto o trair, quanto o provocar a traição é prova de nossa carência de evolução. Entretanto, a desconfiança é um escudo protetor contra os que fazem o mal, ter cautela não é sinal de insegurança, porém, uma maneira de se defender dos inevitáveis golpes da traição e da má fé. Portanto meu amigo (a), se a raça humana é violável, desconfie de tudo, nunca podemos nos desobrigar da prudência. Orai e vigiai, vigie sempre, a desconfiança é fundamental e na tortura toda carne se trai sim.
Autor: Max Ferraz
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