Na verdade é um sistema de crença do comportamento humano que se perpetua entre os gêneros e passa de geração em geração chegando aos dias atuais, o chamado efeito em cascata; a mãe fala, a filha acredita virando uma bola de neve e a conversa se espalha por todo âmbito cultural.
Em nosso convívio social como via-de-regra tudo que não presta tem uma facilidade enorme de legitimar no imaginário popular, a exemplo os dogmas que são empurrados como lei máxima em nossas cabeças, sendo criados simplesmente para a manipulação do homem sobre o homem, no sentido de dominar e amedrontar o semelhante, teleguiar as pessoas para fazer o que quiser de suas vidas, auferindo lucros pessoais.
Outro câncer é o chamado preconceito velado, enraigado no cerne do pensamento humano contra tudo que é diferente do nosso modo de vida, diferente do sistema que nossos pais nos passaram, que a educação e a história nos passaram. Não conseguimos conviver pacificamente com as diferenças alheias, mas ainda é tempo de mudar os rumos dessas crendices patéticas que absorvemos incautamente e que nos desonra, desqualifica perante uns aos outros e promove adicionando ainda mais gasolina na guerra dos sexos. Bem, vamos lá!
Começamos com a Lei de Murphy: é um adágio popular da cultura ocidental que afirma: “Se algo pode dar errado, dará, da pior maneira, no pior momento e de modo a causar o maior estrago possível”.
Assim é esse pensamento cruel que coloca homens e mulheres dentro de um permanente sistema radical de desconfiança, impedindo-os de conhecer verdadeiramente a essência um do outro, cria-se uma barreira de contenção, é como se fosse uma cláusula pétrea: homem não presta, já dizia minha avó. Veja bem, se a mulher entrar para a relação com esse pensamento, diz-me quando ela vai encontrar um homem corretamente sincero, seu príncipe encantado? Chance zero, nunca, já é uma opinião formada, sacramentada e limitante dentro do processo relacional, dessa forma somos predestinados a morrer dentro dessa configuração sem conhecer e sem construir algo positivamente concreto dentro do outro atribuído a esse aforismo pegajoso.
Vale dizer que é um interesse natural e legítimo a busca da tão sonhada felicidade na vida a dois para qualquer pessoa, o que não é de todo difícil porque vivemos num mundo de escolhas e cada um faz a sua no que bem entender. Temos a liberdade e o livre arbítrio, mas também a responsabilidade sobre essas escolhas. Bem, se a mulher na sua razão escolher cultivar esse pensamento, o que acontece? Ela vai direto para os braços do primeiro canalha que aparecer, do cafajeste de marca maior, porque tal pensamento atrai como um ímã o sujeito que não presta, fazendo a lei de Murphy se materializar em sua vida “se algo tem que dar errado certamente dará”, destruindo o pensamento positivo. Tal modo de pensar cria um canal entre os iguais. Alias, tem um adágio que diz que os “opostos se atraem”, pura balela, isso só funciona em química, na relação humana são os iguais que convergem para o mesmo lugar de encontro, justamente por causa desse vício de, lá no fundo, pensar no pior desejando ter o melhor. Mulheres e homens se tornam um só na convivência.
Por isso essa reflexão quanto ao assunto em epigrafe, sem saber, inconscientemente a mulher cultiva esse karma que depõe contra ela e seus próprios sonhos de ter uma família, um esposo que a respeite e que a ame.
A relação a dois é uma funcionalidade de duas culturas diferentes, são valores có-construídos a quatro mãos, é um abster-se muito do eu e uma doação incondicionalmente pessoal que migra do campo subjetivo para o coletivo, é escrever uma nova história de vida. Agora, imagine escrever a principal história de sua vida com o pior dos pensamentos, “homem não presta”, já que vai ficar com ele por um bom tempo ou a vida toda como manda a tradição, sei não, de tanto batermos na mesma tecla qualquer factoide acaba virando verdade e se materializa tornando um inferno astral a vida do sexo feminino. Por isso nos dias atuais os casamentos já nascem com prazo de validade expirado, cinco anos no máximo de plenitude, o resto é tolerância e amizade, com a chegada dos filhos, nem se fala, o casal se distancia para se tornar aprendizes de pais, cinquenta e nove por cento do prazer sexual escorrem pelo ralo principal, aquele sexo animal do começo da relação agora é uma vez ou outra e sem a devida qualidade necessária para suprir as necessidades biológicas das partes, lacunas, hiatos surgem fazendo esquecer-se da responsabilidade de fazer um ao outro feliz. No preâmbulo onde tudo são flores e levados pela emoção não caracteriza responsabilidade, mas depois de legalmente juntos se torna obrigação e dever de cada um fazer o outro feliz, até porque, a vida agora é unicamente a dois.
Quando essa vida a dois começar a entrar em declínio é preciso trabalhar na tentativa de reinventar esses sentimentos, viver fantasias nunca imaginadas, mesmo na mesmice criar uma rotina divertida para não tornar a vida sentimental empobrecida dentro de um mundo desertificado e jogado ao isolacionismo. O êxito de um bom relacionamento talvez esteja na capacidade de cada participante dele se adaptar às circunstâncias que envolvem o casal, de lidar com as dificuldades que sobre eles caem. A base da manunteção de uma boa relação é o equilíbrio entre o dar e o receber, em dosar o respeito nos limites de cada um, porque a intimidade faz a gente pensar que temos o direito sobre o outro, sobre suas vontades, por isso gera a sensação de posse sobre outrem, seria de bom alvitre renunciar a essas pseudo-posses para se darem na inteireza sem esperar recompensas. Deveras estamos lidando com a outra metade de nós, com aquilo que dizemos nos completar em alguma medida, que tem afinidades nos mesmos sentimentos. Aqui vale entrar a velha e boa receita do respeito mútuo sobre interesses comuns, apesar de fora de moda o respeito é uma bússola norteabilisadora de uma boa convivência. Se rebuscarmos no baú das origens, descobriremos que esse homem não presta popularizou-se no século XX, ato contínuo adentra o século XXI e se tornou febre nas últimas décadas, tem sido mais usado que as bênçãos, que há muito tempo os casais davam um no outro. Era engraçada, a mulher dizia ao ver seu esposo sair para o trabalho ou qualquer outro lugar, “que Deus te abençoe na ida e na volta e te traga inteiro para sua família” e vice versa, no sentido de pedir proteção um para o outro, mas isso acontecia lá no romantismo antigo, fora trocado pelo homem não presta, é tudo igual.
Do ponto de vista religioso é um anatematismo cego, ou seja, uma maldição que perseguirá por um bom tempo os dois sexos até que esse pensamento mude de rota, não sei por que cargas-d'água ninguém pensa diferente quando se trata dessa sentença que coloca o homem no centro da questão como tão somente ele o traidor? Porque ambos traem, uma vez que homem e mulher têm os mesmos desejos e os mesmos reativos atrativos, a culpa da traição não é tão somente do homem. Entendo que talvez por ignorância e descuido, as mulheres, com seus múltiplos instintos, personalidade dominática e guardiãs da prole não estejam sabendo usar todas as armas que sabem usar uma mulher quando precisa, para transformar o destino do homem rumo ao caminho da fidelidade. É dela o mister de ensinar ao homem a enxergar todos os valores que possui, ensiná-lo a sentir todas as delícias que há em uma mulher quando está segura de si e quão ela é capaz de realizar em beneficio dele, é dela a sabedoria de guiar a relação. Portanto, também a missão de tentar conduzir o comportamento do bicho homem, porque ambos são o espelho da instituição.
Pesquisas apontam que o motivo da traição do homem é por variedade. O homem diz que precisa de variedade e por isso procura sexo fora do casamento, por ser totalmente dependente das loucuras do prazer sem medidas, já as mulheres, que também traem, alegam a necessidade de romance, carinho e atenção, e até mesmo de um mero e simples elogio como elemento mantenedor de sua alta estima, por serem totalmente movidas e dependentes desse conjunto de sensações, atribuem que passam muito tempo juntos e por parte dos homens esses valores são esquecidos ou trocados por futebol, amigos, álcool, drogas, causando o desgaste da relação que para as mulheres são sumamente importantes e que poderia hipoteticamente amenizar o ato de traição.
Bem, a fidelidade tão desejada por ambos é uma entrega gratuita do melhor que há em nós, um acordo tácito sem cobranças e com amor, por isso cria essa desarmonia triste quando o amor se vai.
Depois dessas informações sobre o homem você, mulher, que pretende ter um companheiro só para você ou ter um cara fielmente ao seu lado já viu que tal pensamento não rola, é uma maldição, dá efeitos contrários, aniquila seus planos de ter uma vida plena ao lado do homem que ama, então alija esse pensamento de sua vida. Quando casamos somos abençoados e pedimos por proteção em nossas vidas, não podemos alimentar esse profanismo absurdo que faz homens e mulheres se tornarem personagens dubitáveis dentro da sagrada vida a dois.
Autor: Max Ferraz
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